A literatura desta época está sobretudo ao serviço da religião. Nos chamados Textos das Pirâmides, que são um conjunto de orações, hinos e feitiços gravados nas paredes das pirâmides de Sakara a partir do último rei V Dinastia (Unas) e dos reis da VI Dinastia, acham-se textos de elevado valor literário. Estes textos visavam ajudar os reis no seu percurso da morte até ao Além, onde se juntariam aos deuses.
Nos hinos dos Textos das Pirâmides, os autores recorrem à técnica do paralelismo, característica da poesia do Médio Oriente Antigo e que consistia em retomar a ideia de um verso no seguinte sob a forma de sinónimo, ou de antítese ou ainda sob a forma progressiva. Um dos hinos mais conhecidos é o "Hino Caníbal", assim chamado pelo facto de descrever o rei a devorar as pessoas que encontra pela sua frente, de modo a poder alcançar a força suficiente que lhe permitiria entrar na morada dos deuses.
Os primeiros exemplos de literatura sapiencial surgem nesta época, sendo o mais antigo o Ensinamento de Kagemni, datado do século XXVIII a.C. (III Dinastia). O Ensinamento de Ptahotep, cujo autor se apresenta como vizir do rei Djedkaré Isesi da V Dinastia, é constituído por trinta e seis máximas que discorrem sobre as relações humanas. Nesta obra o autor propõe o cultivo de uma série de virtudes como a moderação, a gentileza, a justiça e o autocontrolo. Outra importante obra da literatura sapiencial é a Instrução de Hardjedef. Surgem igualmente as biografias, que devem ser entendidas não no sentido contemporâneo da palavra, mas antes como textos que informam sobre o modo de vida de pessoas falecidas cujas virtudes pretendem ser valorizadas. Neste tipo de trabalhos encontra-se a Autobiografia de Herkhuf, um militar e governador do Alto Egipto que serviu os reis Merenré e Pepi II. Esta biografia foi gravada em vinte e oito linhas na fachada do túmulo de Herkhuf em Assuão. A inscrição descreve as quatros expedições do militar à Núbia. Na última expedição Herkhuf trouxe um pigmeu ou anão para o rei Pepi II, então uma criança, que ficou deliciado com o presente, tendo enviado uma carta a Herkhuf, reproduzida na inscrição do túmulo. O texto elogia igualmente os actos de piedade praticados pelo biografado, como o dar de comer ao faminto.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
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